Curso gratuito no DF capacita educadores e agentes culturais para inclusão de pessoas com deficiência visual

Em 8 de abril é realizado o Dia Nacional do Sistema Braille, data que homenageia o método de leitura e escrita tátil criado pelo francês Louis Braille, responsável por transformar a relação das pessoas cegas com o conhecimento, a cultura e a educação. Em um país com 1,5 milhão de pessoas cegas, segundo estimativas de 2023 do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), iniciativas de capacitação voltadas à acessibilidade ainda são urgentes e possíveis.

No Distrito Federal, onde mais de 43% das pessoas com deficiência possuem algum grau de deficiência visual — conforme último levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF) —, o projeto Jornada da Acessibilidade busca qualificar profissionais para enfrentar esses desafios com conhecimento e empatia. A iniciativa está com inscrições abertas até 30 de abril para três cursos gratuitos voltados para gestores e produtores culturais. Um deles, especificamente sobre o sistema Braille, será realizado presencialmente entre os dias 10 de maio e 7 de junho, sempre aos sábados, no AKZO Coworking, na Asa Norte.

Sobre o curso de Braille

Destinado a agentes culturais e professores da educação básica, o curso será ministrado pela professora Viviane Queiroz, que reforça a relevância da formação continuada para garantir o direito à aprendizagem e ao acesso à cultura para pessoas cegas ou com baixa visão.

“No curso, os participantes vão aprender a ler e escrever no sistema braille, compreender sinais de pontuação, letras destacadas e anotações matemáticas. Também vamos abordar tecnologias que complementam o ensino do braille, como leitores de tela, além de noções de orientação e mobilidade. Isso permite que educadores e produtores culturais compreendam como uma pessoa cega realiza suas atividades do dia a dia e se locomove com autonomia”, explica Viviane.

Ela também destaca como a capacitação pode impactar diretamente as práticas de profissionais que atuam na cena cultural do DF:

“No Jornada, os gestores culturais vão poder tornar suas produções mais acessíveis. Eles poderão, por exemplo, criar convites e folhetos de divulgação em braille, incluir informações em exposições museais, elaborar cartazes de eventos audiovisuais com acessibilidade tátil, ou ainda produzir cartões de visita com endereço, telefone e outras informações importantes dos trabalhos que realizam. Tudo isso ajuda a garantir que pessoas cegas ou com baixa visão possam acessar, circular e participar da vida cultural da cidade.”

Além do curso de braille, a Jornada da Acessibilidade também oferece formações em Acessibilidade Cultural e em Audiodescrição Para Figuras Estáticas — como obras de arte, HQs e esculturas. Os cursos online acontecem entre os meses de maio e junho, e serão ministrados por profissionais com ampla experiência na área.

Acessibilidade como compromisso

Para Cássia Lemes, diretora do projeto, a acessibilidade deve ser um compromisso concreto de quem produz cultura:

“A formação em acessibilidade cultural é um passo essencial para que gestores e produtores compreendam as barreiras que impedem as pessoas com deficiência de acesso completo aos bens culturais. A cultura só é de fato democrático quando é acessível para todas as pessoas.”

As inscrições para os três cursos da Jornada da Acessibilidade estão abertas até 30 de abril. Todas as formações são gratuitas e oferecem certificado. O projeto conta com fomento do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal e apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF.

Serviço – Curso de Braille

Datas das aulas: 10 de maio a 7 de junho (aos sábados)
Horário: 14h às 17h
Local: AKZO Coworking, na Asa Norte
Professora: Viviane Queiroz
Inscrições gratuitas até 30/04: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdaoeTKB0vbzURf_E1aih0BpvedWe81rl0A8UM3JtzSlOFUbg/viewform