Foto Créditos: @AndreRola

Carnaval 2025: Orquestra Voadora convida os foliões a adiarem o fim do mundo!

Um dos blocos de Carnaval mais originais do Rio de Janeiro, Orquestra Voadora evoca Ailton…

Um dos blocos de Carnaval mais originais do Rio de Janeiro, Orquestra Voadora evoca Ailton Krenak e desfila com o tema “Ideias para adiar o fim do mundo – O Carnaval como ferramenta criativa e de inovação para re-imaginar um futuro possível”. Cortejo acontece dia 4 de março, às 16h, no Aterro do Flamengo (RJ).

A Orquestra Voadora se inspirou em Ailton Krenak para colocar o bloco na rua em seu 16º desfile. Com o tema “Ideias para adiar o fim do mundo – O Carnaval como ferramenta criativa e de inovação para reimaginar um futuro possível”, o coletivo provoca uma reflexão sobre como a folia pode ser, também, um ato de resistência e um chamado à ação para um futuro mais justo e sustentável, promovendo ações de inclusão, sustentabilidade e impacto social. O cortejo acontece na terça-feira de Carnaval, dia 4 de março, no tradicional itinerário do Aterro do Flamengo, partindo às 16h da altura do Outeiro da Glória em direção ao MAM. O Coral de Mulheres do Povo Guajajara abre o desfile, às 15h30.

O bloco abraça a sustentabilidade unindo-se a ativistas climáticos em prol de um futuro verde. Ações como gestão de resíduos, cálculo de emissões e compensação de carbono e reciclagem de fantasias, entre outras, estão sendo desenvolvidas para a realização de um desfile com o menor impacto ambiental possível. A inclusão também é destaque, com a celebração de seis anos da ala de pessoas com deficiência, um exemplo inspirador para o Carnaval carioca. A Orquestra Voadora mostra que a folia pode ser palco para mudanças reais, promovendo igualdade de gênero e um Carnaval mais consciente para todos.

Segundo Tiago Rodrigues, trompetista e um dos fundadores da Orquestra Voadora, um dos objetivos do tema escolhido para 2025 é estimular os foliões a refletir e a levar para as ruas as suas ideias para adiar o fim do mundo. “Se o Carnaval é expressão, queremos que ele seja, cada vez mais, transformação. Que possamos sonhar juntos as mudanças necessárias. E que a música, a dança, as fantasias e a alegria sejam nossos meios para plantar nas pessoas uma semente de consciência, de responsabilidade e de impacto – e que, assim, possamos continuar voando cada vez mais alto”, reforça ele.

No livro “Ideias para adiar o fim do mundo” (Cia das Letras, 2020), para além de criticar as ideias de civilização e humanidade da perspectiva etnocêntrica, que serviram de base para legitimar a conquista e a colonização dos povos indígenas, Ailton Krenak nos convida a uma escuta atenta da natureza, a uma profunda descolonização do pensamento, e, principalmente, a encontrarmos um reencantamento do mundo. Elementos que a Orquestra Voadora considera essenciais para enfrentar os desafios da crise climática e da desigualdade social que ameaçam a nossa existência coletiva no planeta.

É, portanto, com alegria e responsabilidade social e ambiental que os voadores formados por 250 músicos, 50 pernaltas, 20 artistas circenses e 70 integrantes da Ala de Acessibilidade decolam no Carnaval. Uma fanfarra potente com um repertório diverso e que traz temas que reforçam o assunto que pauta o cortejo, como “Todos Estão Surdos” (Roberto Carlos), que esmiúça a necessidade de se religar com o amor, e “Lucro” (Baiana System), que questiona a especulação imobiliária e a ganância destrutiva. A essas, já clássicas da lista da Orquestra Voadora, somam-se as novas “Paraíso das Águas” (Milena Sá) e “Banzeiro” (Dona Onette), que homenageiam as forças da natureza, e “Know Your Enemy” (Rage Against the Machine), um bom e velho rock de protesto sobre a luta contra o sistema e os inimigos que ele nos impõe.

A Orquestra Voadora não é apenas um bloco de Carnaval. É um movimento que une música, arte e pensamento crítico para promover uma transformação social e ambiental. Caminhando para duas décadas de história, a Orquestra Voadora é reconhecida por sua energia contagiante e pela proposta de um Carnaval inclusivo, diverso e consciente.

A criação do Núcleo de Acessibilidade, em 2018, que garante a plena participação de pessoas com deficiência em todos os níveis de atividade do coletivo – ensaios, oficinas e desfiles – é uma demonstração prática do compromisso com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 10 (ODS 10), que trata da Redução das Desigualdades. A visibilidade dada a essa inclusão, representada pelo tema “O Futuro é Anticapacitista” no Carnaval 2023, desafia as normas sociais e amplia a discussão sobre acessibilidade e anticapacitismo na sociedade.

O compromisso da Orquestra Voadora com a sustentabilidade se materializa em ações concretas. A parceria com a ONG Boomerang, iniciada em 2020, garante a coleta seletiva de resíduos nos eventos, minimizando o impacto ambiental. Mais ainda: a iniciativa pioneira de compensação de carbono, realizada em 2024 em parceria com o ICMBio, por meio do plantio de mudas de Mata Atlântica, demonstra a responsabilidade ambiental e a busca por práticas sustentáveis, alinhando-se diretamente ao ODS 13 (Ação Climática) e ao ODS 15 (Vida Terrestre).

Além disso, o engajamento social se estende para além da atividade principal da Orquestra Voadora, que tem um histórico de colaborações com organizações – como o Hemorio (“Vem doar pra mim”), a TETO (“Coleta”) e a homenagem feita a Marielle Franco, demonstrando o compromisso com a saúde, a luta contra a pobreza e a promoção da justiça social. A participação do coletivo em eventos como a Mostra de Artes da Maré evidencia seu apoio à cultura popular e à valorização da diversidade.