Juliana Monteiro - Foto Divulgação

Juliana Monteiro estreia com romance “Nada lá fora e aqui dentro”, sobre pandemia e luto, na Flip

Autora mergulha nas profundezas da alma humana, explorando a solidão, as memórias e as transformações…

Autora mergulha nas profundezas da alma humana, explorando a solidão, as memórias e as transformações pessoais de uma mulher em meio ao caos do mundo exterior durante a pandemia

A escritora e jornalista Juliana Monteiro lança, em outubro, o primeiro romance, o  livro “Nada lá fora e aqui dentro”, pela Editora Patuá. Ambientada no início da pandemia de Covid-19, em 2020, a obra conta a história de Loretta e traz temas como perda, memória, identidade, relações familiares e luto, explorando a travessia da personagem ao lidar com a morte repentina da mãe, Olivia, uma escritora premiada. O livro traz ao leitor uma perspectiva íntima do período e das dinâmicas de um país, a Itália, em quarentena.

Entre as paredes do apartamento da mãe em Nápoles, Loretta se vê confrontada não apenas pela morte da matriarca, mas pelo isolamento forçado, enquanto resgata memórias da infância e expõe as lacunas afetivas que marcaram sua relação com Olivia. Ao mesmo tempo, a personagem encara um percurso interior, questionando o sentido da própria vida, do casamento, das escolhas e do seu papel no mundo enquanto filha e também mãe.

Nessa estreia, Juliana Monteiro cria um retrato íntimo, que expõe a profundidade psíquica de uma mulher comum em crise, sobretudo nas descrições da dor e da solidão – inerentes à condição humana. “Nada lá fora e aqui dentro” propõe uma reflexão sobre o tempo, a fragilidade dos laços humanos e a construção da identidade feminina frente à perda e à mudança.

Com uma linguagem que alterna entre o delicado e o brutal, Juliana Monteiro conduz os leitores por um fluxo narrativo que vai da dureza do luto ao reencontro consigo mesma. A obra é rica em referências literárias, desde Clarice Lispector até Hilda Hilst, que pontuam o romance com epígrafes e inspiram os questionamentos existenciais da protagonista.

“Para onde vão os trens, meu pai?” — este verso de Hilda Hilst, que abre o romance, ecoa no desfecho da história de Loretta, em que o movimento externo contrasta com a imobilidade emocional e a introspecção. O cenário da pandemia amplifica esse paradoxo, criando uma atmosfera claustrofóbica onde o exterior e o interior se tornam reflexos um do outro.

Com a sensibilidade para explorar temas universais a partir de uma experiência profundamente pessoal, Juliana Monteiro apresenta uma obra que dialoga com o nosso tempo e convida o leitor a refletir sobre o papel das relações familiares, da memória e do próprio corpo em momentos de ruptura.

Sobre Juliana Monteiro

Juliana Monteiro é jornalista e escritora. Por quase 10 anos, foi livreira e curadora de um espaço cultural que manteve em Brasília (DF), sua cidade natal. Em 2014, mudou-se para Roma, onde vive com os dois filhos. É coautora do livro Ao Brasil, com amor, escrito em parceria com o jornalista Jamil Chade e publicado em 2022.