Mulheres Seguras: Ceilândia recebe projeto que resgata vítimas de violência doméstica pela dança
Ação oferece aulas gratuitas de dança para mulheres da região, promovendo acolhimento e transformação por…
Ação oferece aulas gratuitas de dança para mulheres da região, promovendo acolhimento e transformação por meio da arte
Com o aumento alarmante da violência contra a mulher no Distrito Federal, o Instituto Social de Arte e Cultura do Setor O (ISACSO), em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF, lança a 5ª edição do projeto Mulheres Seguras. As aulas gratuitas, que vão até 30 março de 2025, acontecem na sede do Instituto Candango de Artes (ICA), em Ceilândia Norte. Em sua quinta edição, a ação funciona como uma resposta concreta para mulheres que enfrentam situações de abuso físico, verbal e psicológico. Ao todo, 60 bolsas serão ofertadas.
Voltado para mulheres entre 15 e 60 anos, o Mulheres Seguras oferece aulas gratuitas de ballet clássico, dança contemporânea e alongamento, conduzidas pela professora Shaiene Santana. Além de ser um espaço de prática artística, o projeto promove reflexões e debates sobre o impacto da violência na saúde física e emocional das mulheres, ajudando-as a resgatar autoestima, autoconfiança e a reconstrução de suas vidas.
O diferencial desta iniciativa está na abordagem inclusiva, que acolhe também mulheres trans, fortalecendo o respeito à diversidade e a criação de um ambiente seguro e acolhedor. Para além da dança, as participantes têm a oportunidade de explorar exercícios corporais adaptados, improvisação e a criação de coreografias, reforçando sua expressão pessoal e criatividade.
“O Mulheres Seguras não é apenas um curso de dança. É um movimento de resiliência e empoderamento, que reconhece a força de cada mulher em sua jornada de transformação,” considera Márcio Nunes, presidente da ISACSO.
O cenário que motivou a criação do projeto é preocupante: em 2023, o Distrito Federal registrou uma média de 50 casos diários de violência contra a mulher, com um aumento de 6,3% nas ocorrências relacionadas à Lei Maria da Penha em relação ao ano anterior. No mesmo período, os casos de feminicídio tiveram um crescimento de 205%, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Diante dessa realidade, o Mulheres Seguras atua como um instrumento de transformação, alinhado ao II Plano Distrital de Políticas para Mulheres, que promove a inclusão feminina em atividades culturais.
O projeto adota os protocolos regidos pela Lei Distrital “Por Todas Elas” e “Não é Não”, ampliando a conscientização sobre os direitos das mulheres e reforçando medidas de segurança durante as atividades. A proposta vai além do combate à violência, oferecendo às participantes uma vivência que une a pesquisa do movimento ao fortalecimento emocional, com o objetivo de inspirar sonhos e conexões positivas entre corpo e mente.
Impacto social
O projeto tem como público mulheres cis e trans, fortalecendo o respeito e a inclusão. As aulas são conduzidas por quatro arte educadores especializados, garantindo um acompanhamento personalizado.
Com o aumento de casos de feminicídio e violência doméstica no Distrito Federal, o Mulheres Seguras busca não apenas conscientizar, mas também capacitar as participantes a superarem desafios emocionais, promovendo integração e socialização.
De acordo com a fundadora do ICA, Shaiene Santana, o Mulheres Seguras nasceu da necessidade de acolher mulheres em situação de vulnerabilidade e oferecer um espaço onde elas possam resgatar a autoestima e fortalecer suas relações com o próprio corpo e a mente. “Dança é mais do que movimento; é transformação”, ressalta a responsável técnica do projeto e professora de dança.