“Tinha perdido a vontade de viver”, revela Karol Conká
“Tinha perdido a vontade de viver. A última vez que eu tinha sentido isso foi…
“Tinha perdido a vontade de viver. A última vez que eu tinha sentido isso foi na depressão pós-parto”, revela Karol Conká ao “De Carona na Carreira”
Mamacita é a convidado do novo episódio do podcast de Thais Roque, para quem abriu seu coração e história de sua vida, como a retomada da carreira após a participação no Big Brother Brasil, família e maternidade
Está no ar o novo episódio do podcast “De Carona na Carreira”, de Thais Roque, que tem como convidada Karol Conká. A artista teve seu nome no topo do ranking como o mais buscado no Google, no Brasil, em 2021. O motivo dessa fama não era bem o caminho que ela imaginava trilhar, contudo a cantora abriu seu coração em longo bate-papo imperdível. Os ouvintes descobrirão que sua vida após o reality show é apenas um capítulo de uma vida e uma carreira inspiradoras, além de conhecerem detalhes de uma superação que pode servir de exemplo para profissionais de qualquer área.
“Eu não admito me reduzir a fragmentos de situações que eu já não concorde ou situações que eu não tinha entendimento e hoje eu tenho”, destacou Karol explicando uma das alavancas que a ajudaram a se reerguer. Seu comportamento nas situações a que ela se refere, dentro do Big Brother Brasil e em rede nacional, são reflexo do meio que formou sua personalidade. Sua história de vida nos escancara os efeitos da convivência de uma garotinha em um ambiente hostil às pessoas pretas.
“É como se eu sempre estivesse sempre pronta para o combate. Eu não nasci assim. É uma sensação que eu tenho desde criança, mas que teve início quando comecei a ir para a escola, foi quando comecei a criar essa casca que, até hoje, me ajuda a continuar e a ter disposição para criar coisas novas para a minha vida, para a minha arte”.
Uma mulher que é uma verdadeira fortaleza
Durante a entrevista, Thais destaca em diversas oportunidades que para chegar ao momento de hoje, produzindo, retomando as rédeas de sua carreira e perdoando, que sua convidada é uma mulher extremamente forte e que evoluiu para uma inteligência emocional invejável.
Sobre os primeiros dias fora do programa, Karol conta. “Precisei respirar e ter humildade para entender. Existem dois caminhos básicos, que é a verdade e a humildade. Eu usei esses ambos para, então, chegar a uma possibilidade de seguir em frente. Eu me sentia muita acabada pelo remorso que eu estava sentindo e também pelo ódio das pessoas. Apesar, que os ataques eu percebia que eram mais uma manifestação, uma expressão do que elas estaavam sentindo naquele momento”.
Ela acrescenta. “Tinha noção do que não me pertencia, do que era jogo, o que era edição e do que era verdade. Eu quis levar isso da maneira mais orgânica possível para o público, porque eu detesto viver uma mentira, sou uma pessoa bem visceral, bem transparente”.
E esse posicionamento firme em não viver a mentira também guiou seus primeiros passos do lado de fora. “Para mim não fazia sentido contratar gestores de crise para ficar nessa coisa mecânica. Recebi sugestões de pessoas próximas dizendo para eu não me arrumar mais, para eu ser menos vaidosa porque estavam lingando isso com narcisismo. E eu falei ‘não, essa sou eu, eu sou assim’”.
Herança de uma cultura preta
“As pessoas têm que aprender a lidar com a cultura preta. Nós, mulheres pretas, gostamos de nos arrumar, estamos sempre com o cabelo arrumadinho. A questão da aparência conta muito, é uma questão artística. Então, eu achei muito cruel o público exigir um laudo de psicopatia (interpretando seu jeito de se vestir). Inventar um laudo de psicopatia por causa da cor da minha blusa, ou porque o cabelo, ou porque a maquiagem. Essas coisas não são feitas quando é uma pessoa branca que erra”, contou.
Karol chegou a questionar profissionais da saúde se ela realmente vivia com aqueles transtornos que tentavam colar em sua imagem. “Eu fui entendendo todos esses fragmentos e fui lidando com a maior naturalidade, de maneira mais verdadeira possível. Fui atrás de uma boa psiquiatra que me explicou que eu não tinha nada daquilo que o público estava apontando nas redes”.
Mamacita no papel de mãe
Parte de sua história e algo que também ajudou a transformá-la na mulher que é hoje foi a maternidade. Jorge, seu filho que hoje tem 16 anos, nascera na véspera do dia em que Karol completou 20 e ainda batalhava por um espaço no mercado do rap.
“Aos 19 acabei engravidando e achava que o meu sonho ia por água abaixo, mas, na verdade, a maternidade só me fortaleceu cada vez mais”, disse Karol sobre o medo que, muitas vezes, era reflexo de uma família com gerações de mães com pais ausentes.
”Quando eu brincava com minha Barbie, eu imaginava ser uma artista e que tinha uma filha. Quando perguntavam do pai, eu respondia que ele viajou, que ele não existia. Na minha cabeça isso já era comum, porque eu via desde criança a minha mãe tendo a ausência do meu pai. A minha avó tendo a ausência do meu avô. Eu já estava certa de que eu nunca casaria ou teria mais de um filho, sempre com aquela ideia limitada de que não daria certo pra mim”.
Constante transformação e evolução
”Eu estou sempre me movimentando, me reinventando. Porque a vida é essa coisa cheia de altos e baixos. E eu gosto de viver”, disse. E foi em uma dessas últimas reinvenções de si mesma que veio seu novo CD “Urucum”.
“Fiz um álbum dividido em quatro temperamentos, ou personalidades. A Karoline, a Karol Conká, a Mamacita e a Jaque Patombá. Era um processo terapêutico que eu estava vivendo na época, entendendo cada personagem que me compõe”, contou.
Erros reconhecidos e arrependimentos
“Comecei a ter um exercício de empatia com os haters. As pessoas acham muito difícil, mas para mim não foi. Eu pensei ‘da mesma forma que essas pessoas estão me atacando, eu também fiz isso, eu também ataquei pessoas’. Eu também olhei e me arrependi”, disse Karol. No entanto, da participação do programa ela consegue ver o lado bom e não se arrepende de ter atendido ao convite.
“Não me arrependo de ter entrado. Estávamos na pandemia, eu não aguentava mais ficar em casa. Chegou o convite e eu vi como uma aventura, oportunidade de conhecer pessoas e ganhar mais dinheiro. Não me arrependo porque me trouxe muita visão de vida, por mais dolorosa que tenha sido, eu vejo o lado bom da experiência”.
Em um desses momentos em que consegue observar essa jornada de forma mais relaxada, brinca sobre o comportamento dos brothers da última edição. “Me sinto um pouco culpada, eu estraguei a dinâmica do reality, as pessoas entram com medo (risos)”.
O papo completo com essas e outras revelações sobre sua vida e nova fase artística já está disponível no canal do “De Carona na Carreira” no Spotify, no link:
Reposicionamento de imagem e superação – Karol Conká – De Carona na Carreira | Podcast on Spotify