
Djonga lança “Quanto Mais eu Como, Mais Fome eu Sinto!” – Veja todas as letras do novo álbum
Se um dia a fome já foi literal, hoje ela se tornou um desejo insaciável…
Se um dia a fome já foi literal, hoje ela se tornou um desejo insaciável de ir além. Em seu oitavo álbum, “Quanto Mais eu Como, Mais Fome eu Sinto!”, Djonga traduz essa inquietação em um projeto que mergulha na realidade social e nas complexidades da vida contemporânea. Com letras afiadas e uma produção musical refinada, o rapper mineiro constrói uma narrativa que percorre temas como dor, superação, vitória e resiliência.
Com 12 faixas, o disco apresenta colaborações marcantes, como Milton Nascimento em “DEMORO A DORMIR” e Samuel Rosa em “TE ESPERO LÁ”. A produção conta com os parceiros Coyote Beatz e Rapaz do Dread, trazendo arranjos inovadores e samples marcantes. Djonga mantém sua identidade provocadora, transitando entre reflexões profundas e críticas afiadas, consolidando ainda mais seu legado no hip-hop nacional.
Veja todas as letras do novo álbum:
“FOME”
Usando roupa cara pra fazer valer
O algodão colhido pelos ancestrais
Isso é Deus escrevendo em suas linhas tortas
É o que explica o arco-íris após os temporais
O que antes era ódio virou consciência
Meus rivais têm sobrenome, cheio de consoante
E quem atira ainda mora em um simples kitnet
Por isso eu quero é mais que um grammy esquecido na estante
O melhor não é aquele que sempre acerta
Mas sim o que aproveita o erro do adversário
Se eles dormem, eu nem pisco
E não é só porque o olho não fecha que eu sou visionário
O lobo se tornou cachorro pra não ser caçado
Por isso nós queria sentar na mesa dos boy
Nessa aí que alguns irmão foram domesticado
Na coleira do vilão, gritando meu herói
Não confio nem no espelho, é que ele é ao contrário
A imagem que me dá não é o que eu represento
Que eu não vou trocar o moleque, que só pensa em dançar
Por um adulto covarde que só pensa em sustento
Mudar minha realidade era uma causa urgente
Mudei, então me chame de santo expedito
Já fiz pra alimentar nossas bocas
Hoje eu faço pra alimentar minha alma e meu espírito
É que eu ainda tenho fome, mano, uh-uh
Juro que ainda tenho fome, mano, uh-uh
É que eu ainda tenho fome, mano, uh-uh
Juro que ainda tenho fome, mano, uh
Depois que eu parei de perder
Competir não me interessa mais, sempre foi pelo desafio
Sou movido a dúvidas e não resposta
De quem tem muita certeza, mano, eu desconfio
Quero entender porque eu faço tudo pelas moeda
Ou porque a paty só me olha e eu fico no cio
Ou porque me incomoda Taylor, que é tão coerente
Mas amo Kanye que diz coisa que eu repudio
Era um busão lotado ou um bolso lotado
Nem que pra isso eu fosse pra uma cela lotada
Depois de meter fita em um busão lotado
E mês que vem eles que corram dobrado
Casa construída, peito dilacerado
Procurando Messias, nós escolhemo errado
O auge do egoísmo é crucificar primeiro
E depois ter a cara de pau de pedir pra ser perdoado
Eu ainda tenho fome, mano, uh-uh
Juro que ainda tenho fome, mano, uh-uh
É que eu ainda tenho fome, mano, uh-uh
Juro que ainda tenho fome, mano, uh
Me atacam de todos os lado
Mas tipo Dembélé, sou ambidestro, e bato com as duas mão
Difícil não é ver o pobre gritando “olha o lance”
Mas sim o rico cego gritando “visão”
Roubaram nossas gíria, nossos platinado
Não entendem que isso é sobre identificação
Por isso trocamo de código toda semana
Vocês nunca me incluíram, não me acusem de exclusão
Erro muito gol porque arrisco muito
E já me acostumei com as vaia da torcida
Ainda na má fase sou acima da média
Porque todo jogo é o jogo da minha vida
Nós somos a tragédia da televisão
Meus irmão vende droga pra que você brise
Quando tu souber o problema, já tenho a solução
O que passa no jornal aqui é tipo reprise
Mesmo contra a corrente
Continuo a nadar que nem Dory, apanhamo tanto que nem dói
No futuro comprar uns Nelore, uma fazenda maior que Yellowstone
Vitória ou vingança eu fiz meu nome, assistindo Wall-e
Vi que eu não tô no mundo de Alice, nosso tempo tá acabando aqui
Nosso tempo tá acabando aqui, nosso tempo tá
Exu
Exu era o filho caçula de Iemanjá e Orunmilá
Irmão de Ogum, Xangô e Oxóssi
Exu comia de tudo, sua fome era incontrolável
Comeu todos os animais da aldeia em que vivia
Comeu os de quatro pés, comeu os de pena
Comeu o cereal, a fruta, o inhame, a pimenta
Bebeu toda a cerveja, todo o bagaço, todo o vinho
Ingeriu todo o azeite-de-dendê, todos os obis
Quanto mais comia, mais fome Exu sentia
“PPRT !”
Não tente me pôr em nenhuma caixa, não me cabem rótulos, se pá, eu nem precisava ter nome, ó
Corpo humano, mente de máquina, igual Terminator e nem com IA tu faria meu clone, ó
Não tem cavalo que eu não dome, império que eu não tome, ou mulher que nós não come
E tive que ter mais garra que Wolverine, eu cresci vidrado em vitrine, com as mais gata eu vivia na friendzone
Assistindo Better Call Saul, ela com a mão no calção, tô sentindo cheiro de golpe, mas sou esquiva falcão
Filho de Ogum general, guerra é minha predileção, já lutei por necessidade, hoje é só por diversão
Eu penso em Deus quando vejo um mano da cor formado
Eu penso em Deus quando vejo um mano da cor roubando
Eu vejo Deus até naquele que tá conformado
Não penso em Deus quando vejo o dedo branco apontando
Sou filho de quem joga nas onze e acorda às sete, não pede rango no Rappi e nem sabe o que é Ri Happy
Eu disse: “Pai, vou à luta”, e não é uma partida de vôlei, mas, no mínimo, essa jogada dá manchete
Respeitado na pista e amado no morro, ou me pede bença, ou vai pedir socorro
Papo reto, sem marolar, só visão, só visão, só visão
Respeitado na pista e amado no morro, ou me pede bença, ou vai pedir socorro
Papo reto, sem marolar, só visão, só visão, só visão
Disseram: “Ande no sapato”, fui lá e comprei um que vale o preço de uma moto
Talvez eu tenha interpretado errado, mas até os boy que me tirava, hoje não come o que eu arroto
Se só ouvissem minha voz no rádio, não mudava nada, se eles não tivessem Instagram, eles não seriam nada
Um amigo me disse: “Você só é novidade uma vez”, mas pelo jeito, mano, a eternidade é o que me aguarda, eu
Levanto a guarda, deixo essas mina aguada, com a postura de Gog, a fama de Lady Gaga
Meu mano, você me deve, só paga, e nem é gogó, só guardo dinheiro, eu não guardo mágoa
Eu canetei Olho de Tigre, também lucrei com tigre, mas sem enganar os preto
Pensando bem, também era um jogo de aposta, e a odd tava tipo 13 que nós saía do aperto
A fome ainda é o melhor tempero do mundo, eu sei que era sardinha, mas parecia salmão
Cê fecha os olhos, pensa no futuro lindo, no choro dos inimigo, eu juro que funciona, irmão
Não uso Waze, é que eu conheço as ruas, nem vem falar sobre intenção, mano, eu conheço as suas
Se o assunto é malandragem, eu só peço a Deus um pouco, garotas, por favor, não briguem, juro eu amo as duas, hã
Respeitado na pista e amado no morro, ou me pede bença, ou vai pedir socorro
Papo reto, sem marolar, só visão, só visão, só visão
Respeitado na pista e amado no morro, ou me pede bença, ou vai pedir socorro
Papo reto, sem marolar, só visão, só visão, só visão
“REAL DEMAIS”
Torço pelo meu sucesso, como se ainda nem fizesse tanto
Se no bolso tem, tô quieto, se ela vai embora, eu canto
Vejo quem sonhou com o topo, mais gente acordou do que subiu
E eu não passo de um perdedor que não desistiu
E eu também vendi nessas esquinas, também sonhei em ser rei da bola
Já quis ter menos melanina e nunca ter frequentado a escola
Ser o cara da rua de cima, ter um Opalão com quatro porta
Ter uma amante igual Arlequina e uma que fiel aceite ir embora
Brown, diga que me olha e se sente vingado, ainda só penso em tudo que eu passei
Tipo, a certeza que o demônio mora ao lado, da polícia, a parte ruim é tudo que eu sei
Luto pra ser forte como Kung Lao, leio pra ter a mente tipo Hakim Bey
Pois quem é notícia de Amanda Klein, não enxerga o sol que canta Vitor Kley, só visão, ó
Eu sou real demais pra me prender nessas amarras, passo no buraco da agulha
Com dinheiro ou sem dinheiro, o sofrimento me deixou mais puro e verdadeiro
Eu não me prendo nessas amarras, passo no buraco da agulha
Com dinheiro ou sem dinheiro, o sofrimento me deixou mais puro e verdadeiro
Mina, por mais que eu te ame, sejamos tão iguais, somos tão diferentes
Meu bisavô usou coleira igual bicho, seu bisavô segurou a corrente
Do nada, num momento light, penso por que cê olha pra mim?
Ou por que a Lore olhou pro Leo? Eu penso no filho light skin que cê vai me dar
E vou morrer sem saber, tipo um filme bom com final duvidoso
Pra sua gente, isso é tipo desgosto, você na cama diz que eu sou gostoso
Ainda somos filhos do descaso, cê tava lá no auditório do Bozo
Enquanto nossa TV era preta e branca, ou melhor, toda branca, era só pão com ovo
E acelerar a BM 1000, nunca mais segurar um fuzil
Só se for pra defender os meus, tenho meu lado Bobby Seale
Cês vão lembrar igual Bobby Charlton, se a chapa esquenta, eu sei ser frio
Por isso moro na sua mente, você adora e me odeia que nem Fentanil
Não jogo baixo, eu tô no alto, sei que o poder não deixa vácuo
Ainda tô aqui pela família, já me cansei de contar os placo
Ainda tô aqui pra ser imortal, tipo Rebeca Andrade, eu cato
Cavaco e me levanto, sempre dou o melhor de mim, eu sou campeão
Eu sou real demais pra me prender nessas amarras, passo no buraco da agulha
Com dinheiro ou sem dinheiro, o sofrimento me deixou mais puro e verdadeiro
Eu não me prendo nessas amarras, passo no buraco da agulha
Com dinheiro ou sem dinheiro, o sofrimento me deixou mais puro e verdadeiro
“QQ C QUER AQUI ?”
Que que cê quer aqui? Os olhares? Essas joias?
Ou a sensação de liberdade que nunca teria do lado do outro mano lá?
O que que cê quer aqui? Essas bolsas? Esses carros?
Ou o que eu sou quando me tiram tudo isso, um cara comum e sensível
Diz, o que que cê quer aqui?
Eu sou o cara que seus pais te disseram pra tomar cuidado
Que meus pais me disseram pra eu não me tornar
Rodo o mundo e não saio do bairro, prefiro viajar de balaio
Não me acostumei com turbulência em avião
O que que cê quer aqui?
Pela manhã, durmo muito e passo a noite inteira acordado
Só resolvo problema dos outro, amo carne moída e quiabo
Sei, você tem amigos na França, eu sou cheio de amigos na tranca
Tudo passa quando a gente transa e depois penso: “O que eu tô fazendo aqui?”
Confuso igual letra do Sidoka, só que é leve igual Frank Sinatra
Porque eu vejo que sempre me nota e, pelo que eu passei, nisso tu se destaca
Vamos fazer amor no sereno, depois eu te faço serenata
Posso tornar seu mundo melhor, mas nas minhas costas não crave uma faca
São mais de vinte e uma questões e não é prova de múltipla escolha
Então, justifique sua resposta ou me esquece e volta logo pra sua bolha
Malandragem nenhuma me pega, sou filho de Maria Navalha
Olha o fundo do olho do nego, garota
O que que cê quer aqui? Os olhares? Essas joias?
Ou a sensação de liberdade que nunca teria do lado do outro mano lá?
O que que cê quer aqui? Essas bolsas? Esses carros?
Ou o que eu sou quando me tiram tudo isso, um cara comum e sensível
Diz, o que que cê quer aqui? Os olhares? Essas joias?
Ou a sensação de liberdade que nunca teria do lado do outro mano lá?
O que que cê quer aqui? Essas bolsas? Esses carros?
Ou o que eu sou quando me tiram tudo isso, um cara comum e sensível
Diz, o que que cê quer aqui?
Você diz que nunca viu estrela-cadente
Como? Se eu realizo todos os seus desejos?
Nosso amor é sagrado e profano, se tem problema nisso, não vejo
Minha alma com a sua alma, deu match, na minha calça, sua mão tá no fecho
E é por isso que a gente fecha e ri a beça, nós se completa
Tipo a do Thiaguinho e Catra, a gente faz a festa
É a vontade que fala alto, nós não fode pra bater meta
Vida é dança, então seja meu par, vou te ler que nem biblioteca
Em silêncio, eu não quero nunca terminar esse livro
Na real, se animar, vamo fazer um filho, tipo um novo capítulo
Comprar mais uma mansão, pra ficar no cubículo
Revezando entre séries e sexo, e papo sem nexo, eu gosto disso
Eu quero ver o hexa ao seu lado, nós dois torcendo e reclamando
Pode ser em vinte, vinte e seis, posso esperar mais vinte ano
E se tu ouvir essa melodia, conta pra mim se eu me iludi
E se tu ouvir essa melodia, fala mina
O que que cê quer aqui? Os olhares? Essas joias?
Ou a sensação de liberdade que nunca teria do lado do outro mano lá?
O que que cê quer aqui? Essas bolsas? Esses carros?
Ou o que eu sou quando me tiram tudo isso, um cara comum e sensível
Diz, o que que cê quer aqui? Os olhares? Essas joias?
Ou a sensação de liberdade que nunca teria do lado do outro mano lá?
O que que cê quer aqui? Essas bolsas? Esses carros?
Ou o que eu sou quando me tiram tudo isso, um cara comum e sensível
Diz, o que que cê quer aqui?
“JOÃO E MARIA”
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido pra mim
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido pra mim
Se o sol nascer
Quadrado, eu sei, não foi pecado, é que uns mudou de lado e eu não me rendi
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido pra mim
Se o sol nascer
Quadrado, eu sei não foi pecado, é que uns mudou de lado e eu não me rendi
Fiz igual João e Maria, e sei o caminho de volta
Mas os rastros são gotas de sangue pela estrada
Cozinhando a bruxa no seu próprio caldeirão
É o que eu faço no show se o ingresso foi caro, a bilheteria tá esgotada
O lobo segue atrás da porta, a Globo segue atrás das nota
Meus cria segue dando as carta
Quem dirige esse filme é Deus
E enquanto ele não fala “corta”, o dado diz pra mim “avance duas casas”
Eu era novo e fiz um trato com Cronos
Se ele me desse mais tempo, eu ganhava a guerra dos tronos
O poder te faz ser vilão igual Thanos
Já que agradar a grego e troianos não é o estilo dos manos
Uns pagaram de estrela e viraram estrelinha
Leia as entrelinhas, se tu não entende o que eu tô falando
Sempre atento, pois não é conto da carochinha
E desde as garrunchinha os mesmos tão morrendo e os mesmos tão matando, eu
Engordei igual João e Maria
Eu tive medo igual João e Maria
Escapei do cativeiro igual João e Maria
E cê vai contar pros seus filhos, igual João e Maria
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido pra mim
Se o sol nascer
Quadrado, eu sei, não foi pecado, é que uns mudou de lado e eu não me rendi
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido pra mim
Se o sol nascer
Quadrado, eu sei, não foi pecado, é que uns mudou de lado e eu não me rendi
Antes de me chamar de foda, espera até conhecer meus pais
Ou melhor, espera pra ver o que serão meus filhos
Dos policiais ou dos mentais, o importante é que eles cresçam longe dos gatilhos
Eu não busco atalhos, não permito vacilos
E a perfeição é por obrigação, não tive os caprichos de um colírio
Talvez ser um táxi driver, pique De Niro
Mas os bons companheiros botaram fé nos meus delírios
Dei um passo de cada vez, mesmo assim, tropecei
Nunca feri com o ferro, mas com ferro fui ferido
Quer um conselho? Não confie em conselhos
Siga sua intuição, nem sempre quem avisa é amigo
Tentaram me fazer surtar que nem Chorão, mas trago guias no pescoço que valem mais que um cordão
Te põe no topo pelo prazer de tirar de lá, perguntam se tu quer o doce só pra dizer não
Vivendo a vida dos outros, comprando a briga dos outros, que nem sabem que cê existe, por aprovação
Querendo ter o que o tem os outros, mano eu assisti “Os Outros” e entendi porque esse é o século da depressão
Lutei igual Ogum faria, disse o que penso, igual Romário faria, eu
Fiz dinheiro igual os Limers da Faria e ainda educo seus filho porque
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido pra mim
Se o sol nascer
Quadrado, eu sei, não foi pecado, é que uns mudou de lado e eu não me rendi
Tá pra nascer
Alguém que faça essa guerra parar de fazer sentido pra mim
Se o sol nascer
Quadrado, eu sei, não foi pecado, é que uns mudou de lado e eu não me rendi
“MELHOR QUE ONTEM”
E até quem me vê lendo o jornal, na fila do pão, sabe que eu te encontrei
Você é quente igual o sol lá da Bahia, nós é encontro do Rio com o mar
Na sua pele tem sal de Caraíva, seus olhos são de Ogum e Iemanjá
Não sei se eu esqueci que existe ódio ou se tu me lembrou que existe amor
Cê não tava no começo da festa, só sei que ficou quando ela acabou
Sei que é bom dividir o mesmo copo, saber cada detalhe do seu corpo
Torcer pro mesmo time no domingo e acabar em algum samba duvidoso
Só sei que, se eu pudesse, eu dava um tiro em cada cara que já te fez sofrer
Sei que, se eu peço a Deus pra ter bons sonhos, quando eu fecho os olhos, vejo você
Só sei que fica linda com ciúmes, mas prefiro quando a gente se une
Vira um num mundinho que é só nosso, elas querem seu lugar, se acostume a viver desejada
Não importa a temporada, meu verão, meu inverno, meu céu, meu inferno, minha namorada
Falo pouco sobre o que sinto, eu só sei me expressar quando canto
O passado me deixou mais frio, eu também errei, eu não sou santo
Sei que agora eu pareço um hipócrita, que só finjo lutar pelos neguin
Eu tentei não gostar de você, mas cê me faz gostar mais de mim
E eu já me sinto bem melhor que ontem e não importa as mentiras que me contem
Se eu e você tá junto, eu fico bem, mina bandida, virei seu refém
Já me sinto bem melhor que ontem e não importa as mentiras que me contem
Se eu e você tá junto, eu fico bem, mina bandida, virei seu
Vou reclamar da vida com você, falar mal dessa gente tosca ao lado
Quem conversa pelo olhar, se vê, sei que odeia saber do meu passado
E ultimamente eu só penso no futuro, vários filho, três cachorro e um gato
Tu já sabe que eu não gosto de bicho, mas um pedido seu é jogo baixo
Se eu te vejo passando, jogo um beijo, se me veem passar, cê tá do lado
De novo, acordei com o braço dormente, cê fez de travesseiro acolchoado
Quem diria que ia durar tanto? O começo foi mais que inusitado
Desesperei quando cheguei em casa e vi que seu Instagram é fechado
Só queria deitar e olhar sua foto e pensar se eu ia te ver de novo
Mas o que o mundo tinha a oferecer parecia melhor e eu sou tão novo
Até o dia que me pediu coragem, sabe que eu sou movido a desafio
E hoje, até quem me vê, na fila do pão, lendo jornal, sabe que eu te encontrei
Já me sinto bem melhor que ontem e não importa as mentiras que me contem
Se eu e você tá junto, eu fico bem, mina bandida, virei seu refém
Já me sinto bem melhor que ontem e não importa as mentiras que me contem
Se eu e você tá junto, eu fico bem, mina bandida, virei seu refém
“DEMORO A DORMIR”
Coloquei porcos num castelo pra virarem reis e, no final, vi o castelo se transformar em chiqueiro
É que nem que a gente invertesse a linha de chegada, o último teria a mente de quem tá em primeiro
Eu via o mundo de baixo, outra perspectiva, então aprendi a controlar minhas expectativa
Mas ouvi Racionais cantar “Sou Mais Você”, vamo acordar, vou ser maior que Ana Maria, vale a tentativa
Aprendi que o que machuca é o que te modifica, quem liga, no final vai doer do mesmo jeito
Traído e capturado, me sinto Maximus, lutando pra entreter uma arena cheia de sujeitos sedentos por sangue
Enquanto gritam que me amam, contraditório, pra dizer o mínimo
Se é isso que eles fazem com geral olhando, me preocupa o que eles fazem quando estão no íntimo
Essa porra é barulho, não é canção de ninar, pra incomodar aqueles que não merecem um sono justo
Heróis de verdade morrem nessas ruas de bucha, senhor de escravo, em homenagem, ganha placa e busto
Tipo, assisti e achei triste Ainda Estou Aqui, mas não fiquei surpreso com Ainda Estou Aqui
Já que se eu olho da janela, ainda tão ali e cês tão daí jurando que eles não tão mais aqui
E o sonho do nego de gueto é alguém pra cantar no ouvido: “Vamo fugir”
Pra outro lugar, onde haja um tobogã e que o celular, que o celular não carregue
Eu ando pensando sobre nós
Toda noite, demoro a dormir
Quase nada mais me faz sofrer, me faz chorar
Quase tudo que lembra o que foi, me faz sorrir
Eu ando pensando sobre nós
Toda noite, demoro a dormir
Vivo no presente, Deus se encaminha do após
E sei que o que foi, morreu atrás, ficou ali
O meu talento é bem menor que minha vontade, mas minha ambição não é maior do que minha honra
Tenho limite pra chegar aonde quero, mas não espero que eles façam o mesmo, tô atento até com minha sombra
Original e único, igual CPF, já dei muito sangue por quem não merece
Morro pelo meu time, mas não vendo a SAF, tipo A$AP, sou ref e salvo mais do que UNICEF
Sou o Cabeleira que conseguiu entrar no carro, tipo Cafu, não passei de primeira no teste
Traduzindo o filme que é a vida, sou tecla SAP, no mesmo CEP desde quando era disquete
Anunciei o último álbum atrás do ônibus, meu mano que precisava de ajuda viu
Me ligou, se internou e hoje se cura do vício, sinto que aquele anúncio, no fundo, não era por views
Era pro Daniel lembrar que alguém faria por ele, eu dividi o que Deus me deu
E, no final, quem podia fazer por ele era ele, eu só paguei a clínica, esse alguém nunca vai ser eu
Digo o que penso e pago o preço, honro cada fio do meu cabelo crespo
Sinto falta de alguns que tavam lá no começo, mas se é assim que a vida anda, só gratidão, fui!
Eu ando pensando sobre nós
Toda noite, demoro a dormir
Quase nada mais me faz sofrer, me faz chorar
Quase tudo que lembra o que foi, me faz sorrir
Eu ando pensando sobre nós
Toda noite, demoro a dormir
Vivo no presente, Deus se encaminha do após
E sei que o que foi, morreu atrás, ficou ali
“SELVAGEM”
Não conheço o medo, juro, eu vim de lá
Trazendo na alma marcas do passado
Sai do meu caminho, ninguém vai domar meu instinto selvagem
Selvagem, selvagem, meu instinto selvagem
Selvagem, selvagem, meu instinto selvagem
Drogas na bolsa, sempre fui tão sem juízo
Eu já tenho o mundo inteiro, mas tu de joelho é tudo que eu preciso
Tira essa roupa, eu gosto do piercing no umbigo
E como se a vida acabasse amanhã, joga sujo e faz tudo comigo
Eu tô na rua fazendo dinheiro, quem persegue comendo poeira
Pois treinaram em Copacabana, eu aprendi a correr subindo ladeira
Tenho poucos anos de sorriso, tenho o choro de uma vida inteira
Um pássaro que cantou na gaiola, hoje enxerga de fora e dá o tom de primeira
Rimo dores tipo Maya Angelou, daquelas que não passam nem com Gelol
Já nem posto o que vivo, profile low, tempo passa, eu não mudo e nem é formol
Quero palmas e glória, se vou bem, quando erro não sei dizer “foi mal”
Preto livre, lindo e cancelado, reencarnei de Wilson Simonal
Não o sou cara que você merece, sou o cara que você precisa
Meio Obi-Wan, meio Anakin, o que me agrada é o cheiro da brisa
O que me agrada é o sangue da briga, vem deitar na minha cama, bandida
Que eu não deixo você mal falada, muito menos você mal comida
Não conheço o medo, juro, eu vim de lá
Trazendo na alma marcas do passado
Sai do meu caminho, ninguém vai domar meu instinto selvagem
Selvagem, selvagem, meu instinto selvagem
Selvagem, selvagem, meu instinto selvagem
Só o vencedor fica com tudo, mas vive com os dias contado
Sempre tem alguém querendo o posto, dividir o lucro e nunca o fardo
Às vezes, penso que no fundo não é bom ser visto e nem lembrado
É que aprendi com Marlon Brando, morrer velho e com ela do lado
Eu já reclamei por visibilidade, hoje reclamo porque eles não param de me olhar
Quando esquenta, pedimos chuva pra pedir o sol de novo, a ingratidão deixou o mundo do jeito que tá
To tipo árvore, é que eu tenho as folha e não esqueço da importância da minha raiz
Tem vários na minha sombra tirando onda e eu nem ligo, só gente triste se incomoda com gente feliz
E eu me mostro por inteiro, é mask off, vocês são fãs de coach, bando de fantoche
Uns nascem com dom pra dono, outros pra mascote, quando passar, só sobram os originais, se vão os xerox
Ela diz que eu sou bad boy e isso bem lógico, não sei se é pela postura ou pelo fenótipo
No fundo, se der condição, gata, nós nem liga, você é a doença, o remédio e o diagnóstico
Hã, nós faz a selva parecer jardim, menina veneno, apaga esse abajur carmim
Só sente entrando o tamanho do meu sentimento e se a vida for justa com os meus, já tá legal pra mim
Não conheço o medo, juro, eu vim de lá
Trazendo na alma marcas do passado
Sai do meu caminho, ninguém vai domar meu instinto selvagem
Selvagem, selvagem, meu instinto selvagem
Selvagem, selvagem, meu instinto
“LIVRE”
Ruas em guerra, o quarto era estúdio, seis vagabundo falando de mudança vida pro povo
Eu podia tocar o céu com a tinta da caneta, são rimas que não conseguiria escrever de novo
Copo cheio, mesmo com o bolso sempre vazio, parece que a gente multiplicava as coisas
As horas, até as más notícias, as boas, um dia aprendemos a multiplicar pessoas
Não tenho medo de ser criticado pelo que fiz, só não aceito ser julgado pelo que não sou
Se o tempo fechar, posso até fazer um pouso forçado, mas ninguém nunca vai me impedir de levantar voo
Homem nenhum na minha cara nunca levantou a voz, algumas mina, confesso, me fizeram de bobo
Sempre fui verdadeiro quando falava: “É nóis”, até entender que era só força de expressão pros outro
É que eu larguei os estudo pra focar nisso aqui e hoje jovens negros se formam e botam isso aqui
Pra tocar enquanto pegam o diploma, então é pra isso que vale isso aqui? Acordar os nossos do coma
Meus ídolos dizem eu pareço mais velho, pois mesmo novo já rimava diferente
Não tenho cinquenta, nem sessenta anos, é que trago trezentos de sofrimento da minha gente
Eu choro quando escrevo, as letras são minhas lágrimas, posso ser um colo amigo, só não vou fazer milagre
Mas seja seu próprio espelho, te ajudo aguentar a porrada, sei que a vida bate forte, então esquiva ou fecha a guarda
Eu sou livre
Ouça o grito de um negro livre, escuta a voz do negro livre
Essa é a voz do negro livre, escuta a voz do negro livre
Ouça o grito do negro livre, escuta a voz do negro livre, livre
Essa é a voz de um negro livre, livre
Coyote sempre em silêncio, xiu! Fazendo os melhor beat do planeta
Nós curtiu cada minuto, parece que já sabia que essa fase passaria e só quem olhou pro céu viu esse cometa
Sabe o que é olhar pro lado e alguém te dizer que você é o melhor? Mesmo sem ser o melhor
Isso te faz acreditar que você é o melhor, quando cê vê, você se tornou de fato o melhor
A vida é uma ironia, gente morrendo porque fez sinal de paz com a mão
O crime é o crime, eu sei bem, mas pro Estado somos todos membros da mesma facção
Fazendo o serviço dos outro, de graça, porra, se amem, desgraça, junta sua brisa com a dele que vira um furacão
E nessa queda de braço, eu já fui pedra e vidraça e percebi que até o mocinho tem um lado vilão
E a gente luta tanto e joga fora o tempo, perder tem seu encanto, a vitória é só um momento
Eu sou rival de todos, mas do campo pra dentro, sempre com o mesmo elenco e não importa o evento
Ainda sou aquele que roubava no centro, dobrando a humildade a cada pavimento
O amor de Deus é o mesmo, seja livre ou detento, quando entenderem isso, juro que me aposento
Foram os erros que me trouxeram aqui, quem só acerta vive num mundo de ilusão
Então, se essas forem minhas últimas palavras, eu digo: “Obrigado por tudo, não espere um pedido de perdão”
Ouça o grito de um negro livre, escuta a voz do negro livre
Essa é a voz do negro livre, escuta a voz do negro livre
Ouça o grito do negro livre, escuta a voz do negro livre, livre
Essa é a voz de um negro livre, livre
Um negro livre
“TE ESPERO LÁ”
Menina, me diz seu nome, ê
Vamo atrás de um novo mundo onde a gente possa sonhar, onde Deus possa me ouvir
Me liga e me diz aonde que eu
Vou atrás do ouro, juro que encontro e te espero lá, só não me impeça de partir
Sou teimoso, nunca ouço ninguém, hã, não acredito nem nos elogio
Na eterna busca do ouro, que nem um garimpeiro em Serra Pelada
Um cachorro que não sai do cio, ou seja, sempre pronto pra foder quem entrar no caminho
Meu segundo nome é disposição, não é que eu seja solitário, hoje prefiro andar sozinho
Pois paguei com o coração quem me vendeu decepção
Sou o orgulho dentro de casa, tipo o mais foda, então se falam de mim na rua, irmão, que se foda
Sei que só quem sabe nadar é que se afoga, sei que eles não sabem rimar e depende do arroba
Ouvi num som que todo menino é um rei e disse isso prum garotinho de pele escura
Ele me disse que apesar de ser criado por uma rainha, seu castelo tem um quarto só e no prato falta a mistura
Eu podia até explicar o sentido da frase, difícil era fazer essa frase fazer sentido
E é pra que eu nunca veja meus filhos assim, que hoje eu podia tá andando, mas ainda tenho corrido, entendeu?
Menina, me diz seu nome, ê
Vamo atrás de um novo mundo onde a gente possa sonhar, onde Deus possa me ouvir
Me liga e me diz aonde que eu
Vou atrás do ouro, juro que encontro e te espero lá, só não me impeça de partir
Te espero lá, vou jogar o jogo e ainda que eu sofra
Já não volto atrás
Te espero lá, vou jogar o jogo e ainda que eu sofra
Já não volto atrás
Não é que eu parei de sofrer, a diferença é o que minhas lágrimas molham, irmão
Antes, molhavam pés descalços, numa calçada, agora molham meus calçados da Louis Vuitton
Só que as marcas que mais me importam, não são as que eu posso comprar
As marcas que me importam são as que tão na alma e hoje, com o que compro, eu tento curar, mas não dá, né
Menina, me diz seu nome, ê
Vamo atrás de um novo mundo onde a gente possa sonhar, onde Deus possa me ouvir
Me liga e me diz aonde que eu
Vou atrás do ouro, juro que encontro e te espero lá, só não me impeça de partir
Menina, me diz seu nome, ê
Vamo atrás de um novo mundo onde a gente possa sonhar, onde Deus possa me ouvir
Me liga e me diz aonde que eu
Vou atrás do ouro, juro que encontro e te espero lá, só não me impeça de partir
Te espero lá, vou jogar o jogo e ainda que eu sofra
Já não volto atrás
Te espero lá, vou jogar o jogo e ainda que eu sofra
Já não volto atrás
“PONTO DE VISTA”
Eu não tenho medo, eu tenho fome
Eu não tenho medo, eu tenho fome
Eu não tenho medo, eu tenho fome
Eu não tenho medo, eu tenho fome
Eu não tenho medo, eu tenho fome
Eu não tenho medo, eu tenho fome
Acordei me assistindo na Netflix, os menor da minha quebra querendo Pix
Groupies no camarim me pedindo, meus afetos me ligam pedindo bis
Preta, olha o que eu fiz, quase choro se tua filha diz que me ama antes de dormir
Eu tenho que ganhar, não é só por mim, agora tem mais bocas pra alimentar
Mãe, olha o que eu fiz
Graças a Deus, já faz tempo, mas ainda me lembro do seu olhar
De tristeza, memo ralando pra caralho, saber que o da conta não vai rolar
Ver a água cortar, pega no vizinho, tem que tomar banho, tem que trabalhar
Sorriso nos lábios e fé em Jesus Cristo, ir pra luta é melhor do que reclamar
Tia, olha o que eu fiz, no quartinho de despejo, se aprende que a fome também é professora
Se o Iago me põe na fita, certeza, eu nem tava rimando isso agora
Perdi vários amigos, decidi cantar esperança pros moleque, como eu vou ter vergonha de ser o rap?
Com um pisante pra cada dia do ano, antes pra ter um era só em doze vezes
A única Mercedes que eu tava andando carregava cinquenta pessoas, às vezes
O mais velho, na esquina, dizia: “Sua estrela ainda vai brilhar, confia Nele”
Já sabia que eu nasci pra ser grande, o sucesso e eu somos siameses
Nego, olha o que eu fiz
Gastando dinheiro, fazendo tudo que eles falam que eu não devo
Comprando o balcão, o espelho, o estoque, a modelo, só pra te lembrar que eu não sou seu negro
Deixa a mente focada no título, quanto mais eu como, mais fome eu sinto
Quero o melhor lugar na mesa, porque eu sei que esses cara preferem nos ver servindo
Minha versão antiga se despedindo é minha dança da zebra, igual N’golo
Normalizar a escassez é mó desperdício, avisa que eu sou o ano lírico
Djonga, olha o que eu fiz!
Pesadelo de muitos, porque a gente começa a sonhar é na hora que acorda
Nasce de olho aberto e, se o parto dá certo, aí é eles que chora
Fritando esses frango, igual Gustavo Frings, tão todos na minha sola
Outra coincidência com esse mano aí é que eu recebo em dólar
Valorizo minha rainha, então não vão me dar xeque-mate
Eu sou cachorro de rua, um vira-lata chocolate
Desde a hora do start, jogando no modo hard
Vocês perdem no easy, mano, é easy money, vai chupar o Musk em Marte
Sempre que eu penso no próximo passo, olho pro pé e vejo um Nike
Sempre que eu lembro do tempo dos Cássio, dou mais valor ao meu Rolex
Pros que dizem que nós tem ostentado, mas não pensam em quanto nós tinha tentado
Porra, já sofri até atentado, como eu não vou comemorar um duplex?
Só construíram coisas no The Sims, pra vocês tanto faz meios ou fins
Dou valor num terno ou num simples jeans, são Sayajins e eu, loiro pivete
Memórias que me dão pesadelos, eles nem lembram
Olha, como tudo é questão de ponto de vista
Na rua, só fã, na internet só tenho hater
Olha, como tudo é questão de ponto de vista
Têm milhões de views, mas o som é um lixo
Percebe? Tudo é questão de ponto de vista
Debatem por aí quem é o melhor da cena
Só existe uma resposta, isso não é questão de ponto de vista
Uns me lembram Chewbacca, sai nada de bom pela boca
RT lembra Schumacher, no pódio dessa porra
Escrevo igual Prateado e ainda que eu morra sem a bola de ouro
Faço igual Vini Jr, deixo a resposta pro tempo e pro povo
Gastando dinheiro, fazendo tudo que eles falam que eu não devo
Comprando o balcão, o espelho, o estoque, a modelo, só pra te lembrar que eu não sou seu negro
Gastando dinheiro, fazendo tudo que eles falam que eu não devo
Comprando o balcão, o espelho, o estoque, a modelo, só pra te lembrar que eu não sou seu negro
Primeiro, Exu comeu tudo do que mais gostava
Depois começou a devorar as árvores, os pastos e já ameaçava engolir o mar
Furioso, seu pai Orunmilá compreendeu que Exu não pararia e comeria até mesmo o céu
Orunmilá pediu a Ogum que detivesse o irmão a todo custo
Pra preservar a Terra, os seres humanos e os próprios orixás
Ogum teve que matar o próprio irmão
A morte, entretanto, não aplacou a fome de Exu
Mesmo depois de morto, podia-se sentir sua presença devoradora, sua fome sem tamanho
“AINDA”
E ainda que o pouco fosse tudo pra nós, seu sorriso me deixaria sem ar
E ainda que o pouco fosse tudo pra nós, a gente teria a gente
E ainda que o pouco fosse tudo pra nós, seu sorriso me deixaria sem ar
E ainda que o pouco fosse tudo pra nós, a gente teria a gente
Bem que eu me lembro da gente sentado ali, bolando um baseado e um plano pra mudar de vida
Virar uma divindade, me vingar de quem sorriu no meu choro, no mínimo eu pago minhas dívida
Eles botaram nas ruas armas e drogas, no mínimo duas formas de morrer, um barril de pólvora
Só não contavam com meus mil motivos pra continuar vivo, é que quem tem boca come, quem tem fome devora
Sou Conceição Evaristo, pra esses Olavo, me feri com o espinho das rosa, eu prefiro o cravo
Eles têm muito e esconde, nós tem pouco e divide, irmão, só quem nunca apanhou se sente bem quando agride
Já não temos revólver, então segura o revide, num dia de chuva qualquer, no seu menor deslize
É por quem paga ingresso, honro o nome no BID, gata, eu te disse lá atrás que tu ia viver igual diva e
O sangue é consequência, juro que eu nunca quis isso, só eu e você em Luanda, o sucesso é o revide
Quando senta, me acalma, tenta fazer eu desistir, tô preso nessa guerra só pros nossos ser livre, eu juro
Que ainda que o pouco fosse tudo pra nós, seu sorriso me deixaria sem ar
E ainda que o pouco fosse tudo pra nós, a gente teria a gente
E ainda que o pouco fosse tudo pra nós, seu sorriso me deixaria sem ar
E ainda que o pouco fosse tudo pra nós, a gente teria a gente
No fundo, o que me move é imaginar meus bisneto contando pros tataraneto que eu errei muito, mas não fui omisso
E que eu era tipo um gato, mané, porque a queda sempre vinha e eu caia de pé
Parecia ter sete vidas, pois não morri com a fall, mas que o segredo pra isso tudo era minha vó e sua fé
Final da Liberta e meu rosto no flyer, por um segundo, juro, lembrei bem de tudo que fui
E percebi que tive que saber ser rio e seguir o curso, já que no fim, pra grandeza do oceano, é que a água flui
Todos dizem ser o melhor, o GOAT, mas tipo Guardiola, eu mudei esse jogo, o coach
Sobrevivo na tempestade, no iate ou bote, com a coragem de Arya Stark e a tropa do rei da noite
Minha mãe dizia: “Esse menino é fogo”, entendo, eu dava trabalho pra ela
Anos depois, ainda faz sentido, porque eu que esquento essa porra, mesmo fora da panela
Relíquia que nem Orkut, meus manos me impedem de morrer, são minhas horcrux
Passei ileso à caça às bruxas, tipo Hocus Pocus, as paredes são de cimento, eu mesmo pus os blocos
Setenta por cento desses caras são falsos, cem por cento, gostem ou não, se inspiram no que a gente faz
Dos outros trinta, vinte perdem a postura pra ter ibope, e é você que me disse: “Tá entre os dez ou os demais?”