
Guilbert Vieira, produtor e publicitário bate papo com o Jornal do Rap
Nesta entrevista exclusiva do Jornal do RAP, exploraremos os marcos dessa jornada e os desafios…
Nesta entrevista exclusiva do Jornal do RAP, exploraremos os marcos dessa jornada e os desafios enfrentados por Guilbert Vieira, que com sabedoria uniu a criatividade e estratégia para expandir seus horizontes na indústria musical e no marketing.
Antes dos 30 anos, sua trajetória como publicitário e marketeiro já incluía indicações a importantes premiações da música como Grammy, e reconhecimentos em festivais internacionais, como Cannes, além de parcerias com nomes de relevância no cenário musical.
No cenário pulsante da música urbana brasileira, Guilbert Vieira, publicitário e músico carioca, traça um caminho singular onde arte e marketing se encontram. Sua carreira publicitária é tão consolidada quanto sua trajetória musical iniciada de forma surpreendente na infância, quando, entre os 8 e 13 anos, um depósito de eletrônicos descartados uma guitarra que despertou uma paixão arrebatadora.
Enfrentando momentos de isolamento e desafios pessoais, ele se dedicou a horas incontáveis de prática, refinando seu talento até investir em seu próprio estúdio, onde a fusão entre técnica, criatividade e conhecimentos em programação e comunicação ajuda cada vez mais a moldar os rumos da cena urbana com qualidade mainstream.
1. O encontro decisivo com a guitarra:
Guilbert, você se lembra bem do momento em que encontrou a guitarra no depósito da Morada do Sol. Como essa experiência, num ambiente tão improvável, impactou a sua decisão de seguir a carreira musical?
Eu nunca vou esquecer, porra é foda,haha, as vezes eu viajo pensando no que teria sido minha vida sem esse momento. Eventualmente eu comecei a ter banda desde a escola, e eu gostava muito da junção de rock com rap, o próprio Planet Hemp, Rage Against the Machine, sing for the moment com Eminem e sample de Aerosmith, RUN DMC com Aerosmith também, o que me levou pras rodas, que na época eram mais de conhecimento, e depois organização dessa porra… a gente transformou com ajuda da Dani Monteiro e o subsecretário de cultura as Rodas de Rima do estado do rio foram consideradas patrimônio nacional imaterial, depois disso eu senti esse ciclo se fechando, mas foi minha base.
2. O simbolismo da guitarra abandonada:
Você descreveu que, ao encará-la, parecia que a guitarra também lhe olhava de volta. Que significado esse olhar e essa conexão tiveram na sua jornada artística e pessoal?
Sabe quando algo desperta seu interesse e você não tira os olhos? pra nós pode ser arte, pro tiozao pau no cu pode ser um SUV, eu olhei aquela guitarra, não lembro o que disse direito mas lembro dela ter uma corda e no mesmo dia em casa eu tentava aprender Smoke on the water de ouvido hahahahahahah com mais uma vem come as you are rs
3. Superando os obstáculos familiares:
Seu tio previu um futuro trágico para você na música, mas você transformou essa crítica em motivação. Como essa experiência, ainda marcada pela negativa familiar, influenciou sua determinação de trilhar um caminho diferente?
Ele não previu nada, só foi um parente ignorante conservador agindo como um ignorante conservador que gostava de lidar com crianças n porrada, hoje eu sei que cresci num ambiente tóxico, o detox é até o fim dessa vida…haha,, eu sou um reset na família, Foi e é necessário muita terapia, mas minhas figuras paternas foram rappers e rockeiros, minha adolescencia tinha cheiro e gosto de rebeldia, na época eu não entendia o porque mas eu já sabia que minha frustração virava riff sou solo, ali eu expurgava todos meus demônios, era o mais perto que eu tinha de uma terapia na época. Eu lembro que comecei a escrever nessa época, não só música mas o que tinha vontade. Ninguém faz uma obra prima na primeira vez, e eu procuro processo não o sucesso, sem alarde, gosto do lowprofile, não gosto de como os marketeiros se comportando nas redes(principalmente os que gritam e não sabem regular a porra do ganho) vendendo fórmula pro sucesso. Até aqui não recebi nenhum trabalho via redes sociais, apenas indicação, mas meu email, instagram e linkedin tõ aí. não sou inacessível, mas meu instagram é chuva de guia. eventualmente eu ouço.
4. A intensidade do processo de dedicação:
Durante anos, você se isolou e dedicou até 10 horas diárias à guitarra. Quais lições de disciplina e foco você aprendeu nesse período e como elas moldaram sua carreira?
Era um comportamento adicto de escapismo, eu não usava drogas, nessa époc era mt novo e caipira, eu defendo as drogas, acho a maioria uma delícia e eu descobri essa merda tomando rivotril receitado. A pessoa, bebe, fuma, cheira e foda-se, toma um rivotril não consegue parar. Hoje em dia eu não uso drogas, não considero maconha droga e se for por meu pé por ali, é no caminho da psicodelia. Enfim respondendo sua pergunta a mesma a compulsão da adicção que eu senti por calmantes tinha um sentimento parecido com minha fase onde mais toquei e pratiquei. Então fica o recado: crianças, não usem drogas, caso você use, fica atento e ouça as pessoas ao seu redor. Sem moralismo, seja pra encher o cú de pó ou seja pra seguir uma prescrição como foi comigo.
5. A intersecção entre música e marketing:
Além de sua paixão musical, você cursou ESPM e mergulhou no mundo do marketing e programação. De que maneira essa formação contribuiu para o seu sucesso profissional e a consolidação de sua identidade?
Muito pouco, eu fiz grandes amigos professores, mas é uma faculdade que defasa rápido, na mina época a discussão era o “Marco civil”, cadê essa porra agora? O mundo deu um 180 e tem muita coisa pra acontecer ainda.
6. Do estúdio aos grandes palcos:
Com seu trabalho publicitário no meio do rap nacional foi um marco importante chegar a concorrer a três Grammys e conquistar prêmios em Cannes. Como você equilibra a essência da arte com o reconhecimento comercial desses marcos?
Não, eu peguei meus lucros de marketing e apliquei em equipamentos, todos esses prêmios são relacionados aos projetos que trabalhei, mas não como produtor. Na produção eu escolho a dedo quem entra e quem sai. São 2 estúdios, um para boas demandas e outro um LabCriativo, tudo perto.
7. Transformando conceito em negócio:
Em suas palavras, transformar conceito e arte em um único projeto é uma das suas maiores conquistas. Quais são os desafios e as estratégias que você utiliza para unir criatividade e lucratividade em seus trabalhos?
Eu não transformo arte em dinheiro, eu procuro comercializar o que tem valor como produto artístico com a embalagem a se por nele, Desenvolvemos projetos com marcas, e quando se tem uma equipe com sinergia, qualquer ideia pode vir de qualquer um e depois tem a parte de como executar as ideias, seja um album, um contrato, um lançamento até mesmo uma produção. Enfim eu trabalho com ideias, preciso ser estratégico sempre, mas tudo começa pela obra e arte, com ela pronta, comercializamos, antes disso somos uma equipe e cabeças pensantes. Você só pode considerar uma ideia ruim quando tira ela do papel, até lá, é só uma ideia.
8. Experiências que marcaram a trajetória:
Trabalhar com nomes como Planet Hemp e BK’ foi uma experiência marcante para você. Pode compartilhar como essas parcerias influenciaram sua visão sobre o mercado musical e a publicidade?
É foda, na minha opinião e gosto pessoal são os artistas que eu mais ouço de todos que eu trabalhei, mas o BK’ é um ótimo exemplo de pegar um produto artístico e comercializar como foi o líder em movimento, 1 indicação ao grammy por um album de rap underground onde nenhuma música foi pensada para video clipe ou mídia, ao contrário, é tudo lyric em preto e branco da forma mais simples possível. Eu tenho mais orgulho de ter concorrido dessa forma do que a vitória em si, na verdade, a única coisa que eu comemoro é subir meu passe, de resto, como diz um produtor foda que ampliou e amplia muito minha visão “Grammy é sobre showbiz e não sobre arte”
9. Influência inesperada – South Park:
Você afirmou que South Park teve uma influência maior que as músicas atuais em certos momentos. O que esse programa representa para você e de que forma ele contribuiu para a sua visão criativa?
eu sou de 1992, quando meu primo Fred me deu o The Eminem Show, eu procurava as traduções e falava, porra o slim shady é babaca como o cartman, e não sei se acho isso hoje em dia mas certamente continuam sendo grandes influências.
10. Os horizontes do futuro:Olhando à frente, quais são os próximos desafios e projetos que você pretende desenvolver? E como as inovações tecnológicas, como a IA, podem potencializar sua atuação tanto na música quanto no marketing?
está tudo em confidencialidade ainda, mas eu deixo bem claro aqui que uma IA não faz um Eminem, nem um Quincy Jones e nem um Paul Simon, um bob dylan? impossível, você pode ter preguiça de fazer mix e master, blz, eu acho que se ferramente ajuda ela é maravilhosa, Eu já corto muitos custos de produção desde marketing até filmagens de clipes e filmes entregando uma qualidade melhor. Mas nada de ideia tem que sair disso, parafraseando chico science “robôs fazem arte, artistas fazem dinheiro”.