Rapper Pikena Ketty conta sua trajetória como mulher no Hip-Hop
Apesar da crítica social e das lutas de causa serem parte do DNA do do…
Apesar da crítica social e das lutas de causa serem parte do DNA do do Hip-Hop e Rap, esses estilos ainda são predominantemente masculinos, e com isso, acabam, sim, reproduzindo machismo estrutural. Pikena Ketty, cantora e compositora nascida em Florianópolis, é uma das principais referências do Hip-Hop e Rap nacional da atualidade, mas foi preciso batalhar muito para ganhar este reconhecimento, principalmente por ser mulher. “Chegar onde estou hoje não foi fácil, precisei lutar contra preconceitos, julgamentos e, claro, o machismo. Uma mulher cantando hip-hop não era algo bem visto, mas isso não me impediu. O Rap salvou minha vida”, conta Pikena Ketty.
Com apenas 15 anos, Pikena Ketty ficou reclusa, e acabou se aproximando do Hip-hop nesse período.
“Foi quando eu estava reclusa que consegui refletir, perceber o caminho que eu estava seguindo e acabei conhecendo um pessoal que já fazia umas rimas. Eu já escutava desde os 11 anos, mas me aproximei da cultura e percebi que era aquilo que eu queria fazer para o resto de minha vida”, explica a compositora.
Depois de cumprir sua pena, Pikena se juntou ao grupo Floripa MCs, mas foi só quando saiu dele que descobriu a dificuldade de ser mulher e tentar carreira solo no hip-hop. “Eu recebi muitas rejeições de shows simplesmente por ser mulher. Eles não queriam me dizer diretamente que esse era o motivo, mas era só olhar a lista de artistas… Só tinha homem”, lembrou Ketty.
Aos poucos, a artista consegue quebrar barreiras e crescer dentro da música, mas é preciso muito foco, “continuei batalhando, criando minhas músicas e lançando da forma que conseguia. Essa era minha forma de responder ao boicote que eu e outros mulheres estávamos sofrendo”, disse a rapper. Com o crescimento de movimentos feministas e projetos sociais no hip-hop, as mulheres começaram a ser mais aceitas em eventos, suas músicas estavam tocando em festas e estavam sendo reconhecidas por seus trabalhos. “Nisso eu já tinha 10 anos de carreira. Demorou uma década para provarmos que nosso trabalho e o dos homens tinham a mesma importância e qualidade. Fico feliz que nós mulheres rappers conseguimos ganhar nosso espaço”, conta Ketty.
Hoje, Pikena usa suas músicas para reforçar a igualdade dos gêneros, mesclando sempre em composições de empoderamento e sensibilidade. “Não preciso usar palavras exatas em minhas letras para reforçar isso, só mostro meu trabalho como qualquer outro rapper. Se um homem faz música de um jeito, eu também posso fazer”, pontua Ketty. Em seu novo lançamento De Love, parceria com DJ Glazer, um dos criadores da festa Hip Hop de Raiz, a cantora traz seu lado mais sensível, mostrando que “mesmo fazendo muito “rap gangueiro”, o hip-hop também pode ter sensibilidade”.
Para as mulheres que querem iniciar agora na música, Ketty sugere elas mantenham suas essências. “Eu faço parte da produtora Alma Music e lá sempre aprendemos que temos trazer nossa individualidade para a arte. Então minha dica é que, mesmo pegando referências, elas continuem sempre sendo elas mesmas. Mesmo se ninguém te incentive, continuei acreditando, nunca pare de sonhar e batalhar para acontecer”, conclui a cantora.
Ketty se juntou ao DJ Glazer e acabou de lançar uma nova música, a De Love. Confira:
Instagram: @almamusicbr